domingo, 22 de fevereiro de 2009

Por entre os escombros



Só quem já esteve nas sombras,

sabe o que os consome,

são pessoas e crenças, que só derramam sangue.

Famílias espalhadas por todos os lugares,

sem abrigo, sem seus filhos.


Já não clamo por paz, esse vicio não tem fim.

Sangue que, não lavam nossas almas,

e conseguimos resistir.


E quando não se tem o que comer e beber,

e quando sua opção é só morrer e não viver,

quando teu dinheiro acaba e sua vida é uma piada,

e quando não te resta nada e mais nada,quem é você?


Olho pro lado só vejo misturas,

são cores, são raças, subculturas,

costumes mudados agregados em outros,

e muitos pregando individualidade.


Olhe a cidade não há mais saída,

sua casa, sua vida, família perdida.

Ouça as bombas, e fuja pra longe,

porque agora só explodem misérias.

Ouça os gritos, ouças os gritos,

desespero dos seus filhos.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008











Governo chileno extermina o povo mapuche





Patrícia Troncoso, presa política mapuche





O Chile é um país cujos dirigentes políticos se vangloriam de possuir um ordenamento democrático mas escondendo a prática consentida de torturas e de políticas etnocidas. Isto é conseqüência de estar regido pela Constituição promulgada durante o regime de Pinochet. O maior símbolo desta contradição, ser democrata e praticar o extermínio do povo Mapuche, se produz pela existência de outra lei da ditadura. Trata-se da lei N1 18.314, conhecida popularmente como Lei antiterrorista. Em vigor desde 16 de maio de 1984, foi idealizada pelo então ministro do Interior da Junta Militar, Sergio Onofre Jarpa, para deixar sem efeito o habeas-corpus e aplicar a doutrina do inimigo interno. Instrumento que permitia às forças de segurança atuar a seu bel prazer.
Torturou-se e encarcerou-se a milhares de cidadãos sob o pretexto de violar a propriedade privada, o território e ser inimigo interno da pátria. Após anos de luta, quando muitos acreditavam superados os tempos da infâmia, o governo manda aplicar a dita lei contra o povo Mapuche. Ao fazê-lo, se situa ao mesmo nível dos que a promulgaram e viola todos os princípios democráticos de igualdade, justiça e dignidade. Condena-se o povo Mapuche ao extermínio. É a solução para silenciar a voz reivindicativa de seus dirigentes nestes anos de enfrentamento às políticas de usurpação.
Aplicar a Lei antiterrorista é parte da solução final. Significa imputar aos dirigentes mapuches suas participações em atividades contra a segurança do Estado e da propriedade privada. Atualmente mais de meio milhar estão na prisão pela dita lei. Para evitar ser descoberto, esta é a estratégia elaborada pelo Estado chileno para provocar o extermínio e garantir sua execução:





1) A mordaça comunicativa. Censura e controle dos meios de comunicação. Nada deve ser conhecido sobre a dita atividade. A imprensa privada também participa;
2) A oposição é cúmplice com a política do governo;
3) Os latifundiários ufanam-se por seus privilégios e não duvidam em utilizar a força paramilitar cientes de que as forças de segurança lhes permitem utilizá-la;
4) O colonialismo interno é o mecanismo de exploração vigente dos povos Mapuches e indígenas do Chile, e
5) As transnacionais esperam se beneficiar do etnocídio e se alçar como as maiores proprietárias das riquezas hidráulicas.
A espanhola Endesa já o fez, em 1999, com a represa Ralco, ao se apossar do território do povo Pehuenche e ocasionar o desaparecimento do patrimônio cultural deles. Assim, todos fazem parte de um festim próprio da globalização neoliberal, impróprio para democratas.
A luta foi dura. Ralco, um ponto de inflexão. Agora inicia-se o ataque final. Em dezembro de 2001, acusa-se de um incêndio intencionado de pinheiros, propriedade da Forestal Mininco, aos líderes da coordenadora Arauco Malleco e à populares mapuches. Será aplicada a Lei antiterrorista, entre outros, a Héctor Llaitul, Juan Marileo Saravia, Jaime Marileo Saravia, Juan Carlos Huenulao Lielmil, Patricia Troncoso e José Henchunao.
Esta estratégia pueril é a forma de mostrar ao povo Mapuche o descontentamento por sua corajosa defesa de seus direitos territotiais. Não devem levantar a cabeça frente ao homem branco. E se o fazem, sofrem as conseqüências. O governo aplica a Lei antiterrorista como artilharia do Estado. Posteriormente simula um julgamento onde as testemunhas de acusação saem encapuzadas, sem rosto, sem nome real. Onde camponeses mapuches acusam seus companheiros sob torturas, ameaças de morte à sua família e invasão à seus domicílios. E, quando superam o medo e contam a verdade dos fatos, o julgamento é suspenso sine die por ordem do Estado, porém não se paralizam as sentenças.
Após sete anos, e ante a ignominia, em outubro de 2007, iniciaram uma greve de fome, Hoje, em 2008, Patricia Troncoso está cumplindo 80 dias sem alimentos. Está em ponto de morrer. O resto dos acusados desistiram esperando uma retificação por parte do governo. Sua petição é simples: liberdade aos presos políticos mapuches, desmilitarização da zona de conflito e fim das invasões policiais. A mediação do bispo de Temuco parece não ser suficiente. Patricia já perdeu 22 quilos. Sua carta à Bachelet é pura franqueza, eis alguns parágrafos:
"Eu quero perguntar-lhe (...) Você que foi prisioneira política, que foi torturada, sente hoje o prazer de nos torturar. O que sente você senhora presidenta ? (...) Que lástima que você tenha se esquecido de tudo o que significa a prisão política e a morte de tantas pessoas ! Você, com a atitude soberba de seu governo e de seus representantes, hoje em dia nos torturam condenando-nos à uma morte silenciosa".




O informe do relator especial das Nações Unidas e as liberdades fundamentais dos indígenas, Rodolfo Stavenhagen, em 2003, depois de dois anos do caso, recomendou ao governo do Chile não criminalizar e não penalizar as atividades legítimas de protesto social das comunidades indígenas, a não aplicação da lei antiterrorista, a revisão do caso dos lonkos* processados, a reforma do processo penal de testemunhas sem rosto, não aplicar o conceito de ameaça terrorista ou associação delituosa para os fatos relacionados com a luta pela terra ou reclamações legítimas dos povos indígenas. Assim mesmo, ele mostrou, em nome do Comitê, a sua preocupação pela aplicação das duas leis: a antiterrorista e a de Segurança do Estado nas terras ancestrais mapuches. Sem dúvida suas recomandações não foram levadas em consideração. O plano do governo da Concertação e da oposição continua sendo o extermínio Mapuche. Para este objetivo, o governo do Chile desconhece tratados internacionais, não cumple convênios nem respeita acordos. Esperamos que o Estado chileno não cometa seu crime de lesa humanidade contra o povo Mapuche. Se o fizer os atuais dirigentes políticos passarão à História como etnocidas.

Lonkos* - Os Mapuches não têm governo. Praticam um regime próximo do anarquismo em que todos respeitam todos e todos fazem suas tarefas. Quando necessário, reunem-se num espaço, para eles sagrado, e indicam um representante - o lonko - para conduzí-los durante àquela necessidade.
CHILE: Comunicado Urgente. Luta Mapuche

Chamado urgente às organizações populares chilenas e de solidariedade internacional. desinteresse e repressão do estado chileno frente a luta do povo mapuche e greve de fome de 106 dias de Patrícia Troncoso, La Chepa.
Carater terrorista do Estado Chileno para as organizações políticas, sociais ou culturais, de caráter popular, não é nenhuma novidade que em nossas lutas pela justiça e a felicidade para os pobres e marginados, o inimigo, o antagonista, seja o Estado Chileno, pela simples razão de que este Estado não é democrático. Por exemplo, o Poder Executivo no Chile, em muitos aspectos, se comporta igual na Ditadura Militar. Quando Francisco Vidal, portavoz de Michelle Bachelet, disse que ?no Chile existe um estado de direito?, está se referindo a um Estado de Segurança Nacional, que defende uma economia de capitalismo selvagem, herdado da Ditadura de Pinochet. A Presidenta Bachelet, disse essa segunda 21 que o chamado ?segundo tempo? de seu governo vai ter como primeira prioridade a manutenção da ordem pública e que ? vamos manter com toda a força da lei?. O que ela não diz, é que a ordem a que se refere é o silenciamento dos protestos populares, a lei que se aplicará é a Constituição Política de 1980 (aprovada fraudulentamente durante a Ditadura Militar) e leis como a Antiterrorista, criada e usada por Pinochet para justificar o terrorismo de Estado contra a oposição e que ?La Concertacion? (governo de Bachelet) usa para reprimir a protesta social e em particular as lutas reinvidicatorias do Povo Nação Mapuche. Necessaria Solidariedade mutua entre chilenos e mapuches. O movimento Mapuche desenvolve um processo de luta, independente das lutas dar organizações populares chilenas. Se não somos capazes de entender isso, seguiremos cometendo muitos erros que no passado levaram à inviabilização das lutas próprias desse povo e a legítima desconfiança de suas organizações a respeito das nossas. Agora, como o inimigo das organizações populares chilenas é o mesmo capitalismo que explora e domina o povo mapuche e o mesmo Estado que garante as condições para que o empresariado aumente seu capital; é nosso dever a solidariedade mutua e a coordenação das lutas chilenas e mapuche. No sul de nosso país, nas comunidades mapuche, existe um verdadeiro estado de sítio (situação de guerra), é a militarização que denuncia Patrícia Troncoso, La Chepa, com uma greve de fome que já cumpriu 10 dias sem ingerir alimentos. Essa militarização inclui invasões sem ordem judicial por contingentes de mais de 100 homens armados que se movem em ônibus, tanques e helicópteros; agressões que incluem, controle pelos caminhos, destruição de portas, vidros, móveis, cercas e plantações; trato abusivo e degradante, que incluem bofetadas, coronhadas, ameaças com armas a crianças, anciãos e mulheres; roubo de bens, etc... Seqüestro e tortura de Patrícia no Hospital de Chillán. Nos últimos dias Patrícia está virtualmente seqüestrada, já que a levaram ao hospital de Chillán contra sua vontade, a de sua família e inclusive contra a recomendação médica da equipe nomeado pelo próprio governo para realizar um informe a alguns dias, já que eles haviam avisado da necessidade de sua locomoção à Santiago. Em Chillán a estão mantendo na Unidade de Pensionados, já que a Unidade de Cuidados Intensivos que é onde deveria permanecer, está em remodelação, ali está sem um aparato de respiração artificial; o Hospital não conta com alguns médicos especialistas (como neurologista e imunologista), já que estão de férias; o soro que administram é trazido de Santiago, etc. Mas mais grave ainda, quem realmente está a cargo disso são agentes da inteligência, quem informou a imprensa do estado de saúde de Patrícia, nem sequer foi o Diretor do Hospital, senão os médicos carcerários, que mentiram descaradamente a respeito de seu estado de saúde e as condições que mantem à Chepa; as integrantes da equipe médica de confiança de Patrícia não tiveram acesso às fichas clínicas, nem a resultado de exames e muitos informes médicos são de caráter secreto; os funcionários do hospital permanecem aterrorizados pelo controle e as ameaças de represálias se mostram gestos de simpatia por Patrícia ou as manifestantes que a apóiam, o que levou o Presidente do Colégio Médico de Ñuble (província a que pertence Chillán) a denunciar a imprensa o secretismo que reina no hospital e que esse foi convertido em uma prisão de segurança máxima. Ademais, la Chepa foi submetida a uma verdadeira tortura, permanece com proibição de receber visitas; o pessoal que a resguarda come em sua frente; e a mantêm amarrados os braços, pernas e cintura; a drogaram para que ingerisse complementos alimentícios contra sua vontade, violando a declaração de Malta sobre pessoas em greve de fome, adotada pela Associação Médica Mundial em 1991 e revisada em 2006, que assinala que não é ético forçar a grevistas de fome se alimentar. Ela resistiu com todas as forças, e por isso está cheia de hematomas. Essa Terça 22 foi ingressada a uma sala de operações para instalar um cateter endovenoso, pela força, colocando mais uma vez sua vida em risco. Logo ela voltou a manifestar que não vai aceitar ingerir nenhum alimento, enquanto não existam compromissos assinados com datas sobre os benefícios que ela pede para ela e outros 2 comuneros. Por ultimo, essa terça ela frisou, no caso do Estado e o governo de Bachelet a deixe morrer sem atender suas petições, seu desejo de ser enterrada em uma comunidade mapuche. É necessário e urgente redobrar as mobilizações de apoio. O estado de saúde de Patricia é realmente grave, um desenlace fatal pode ocorrer a qualquer momento e frente esse panorama, as organizações populares chilenas e de solidariedade com a causa mapuche não vem sendo suficientemente constantes, nem tivemos a coordenação que provoque feitos políticos de magnitude. Já não servem as ações destinadas a sensibilizar à cidadania, nem as ações isoladas sem transcendência nacional e internacional, já que o único que pode quebrar a insensibilidade do governo é a pressão internacional. Nesse sentido, é necessário realizar ações coordenadas em escala nacional e internacional, por exemplo, multiplicar greves de fome em varias cidades do país e jornadas nacionais de protesto. Pedimos a todas as organizações populares chilenas que façam um esforço adicional e que esta quinta 24 realizemos diversas ações de protesto durante todo o dia e que preparemos para as 19.00hrs a realização de marchas massivas, onde sugerimos que levem cartazes, faixas amarelas que digam: CULPADO POR SER MAPUCHE, em todas as cidades e povos do país. Para Quinta, chamamos também a realizar ações frente a todas as embaixadas e consulados chilenos no mundo. Também pedimos a vocês que façam um esforço extra para fazer chegar informações a todas as agências internacionais de noticias.
MANIFESTEMOS, PROTESTEMOS, DENUNCIEMOS! EXIJAMOS TERRA, JUSTIÇA, LIBERDADE E DIGNIDADE! PELA LIBERDADE DE TOD@S @S PRES@S POLITIC@S MAPUCHE! PELO FIM DA MILITARIZAÇÃO EM WALLMAPU! PELA REVOGAÇÃO DA LEI ANTI TERRORISTA! CONTRA O FEMICIDIO DE ESTADO! CONTRA O ETNOCIDIO! PATRICIA TEM QUE VIVER, PATRICIA LIVRE AGORA!

Desde o acampamento ao redor do Hospital de Chillán. 23 de janeiro de 2008 POR ALEX LEMUN! POR MATIAS CATRILEO! NEWEN PEÑI, NEWEN LANMIEN. MARRICHIWEU!!!

Patricia Troncoso: Ultimo comunicado.


Ultimo Comunicado de Patricia Troncoso (La Chepa), desde Chillán.


A meu querido povo mapuche, e a todos os povos explorados e oprimidos: Aquí me encontro lutando contra o estado opressor igual vocês... Cada dia e cada noite, não com minha força, senão com a força e garra que vocês me deram. Queridos Lamien, de que podem nos acusar? De que somos culpados? Se só buscamos ter justiça, a que sempre o invasor nós negou... De que nos acusam então? De não ceder frente à soberbia de que hoje nos golpeiam, nos assassinam e nos prendem. Cada um de nós, não perdeu a memoria, Cada um de nós resistiu ao largo dos anos, a exploração e o despojo Cada um de nós segue sentindo desde seu interior, a voz do avô, da avó, que nos contou como ocorreram os saqueios. Cada um de nós, tem hoje motivo para seguir resistindo e seguir lutando. Com a bravura dos konas antigos, com sua lealdade, sua valentia e também sua sabedoria. Cada um de nós tem uma responsabilidade, a responsabilidade de defender a todos os que generosamente lutam para apoiar ao Povo Nação Mapuche às comunidades e a todo o povo pobre e explorado. Animo, seguimos adiante, mais unidos que nunca para defender nossos direitos de terra e liberdade.


Weuwain pu lamien, newen pu lamien Onde há coligues, coligues nascerão, se morre um, dez se levantarão!

AMULEPE TAIÑ WEICHAN MARRICHIWEU Lamien Chepa desde o hospital de Chillán. 17 de janeiro de 2008.
URL:: http://www.mapuexpress.net;%20santiago.indymedia.org/

sábado, 19 de janeiro de 2008

Ação direta já. Fora o estado. Fora o capital.


O estado não é só fruto da sistemática ordem de organização social a qual usufrui do senso comum universal como, eficaz um caráter burocrático de organização voltado ao próprio cambio do estado. O próprio processo para se chegar a um nível único de estado é de fato por si só um caminho burocrático, o que chamamos de “darwinismo marxista”.
A tutela do estado é o partido do estado. A primeira etapa é a organização dada pelo socialismo segundo Kaul Marx, depois pelo comunismo.
O caminho até se chegar a uma sociedade livre é árduo e duro, tão como é o regime de ditadura do processo primário a se chegar ao comunismo.
Esse processo visado por Kaul Marx foi nada mais que uma forma de aniquilar fatos históricos para passar a criar de forma folclórica na sociedade uma esperança vil de organização social baseada numa liberdade um pouco fragmentada.
Vejamos a Revolução Francesa, o próprio Iluminismo foi fruto de uma resposta dos trabalhadores injustiçados, que passavam fome e que pagavam altas taxas de impostos para a monarquia que se estabelecia no poder e nada fazia para o povo.
Porém, esses mesmos trabalhadores revoltados (burgos) fizeram nada mais que uma substituição de poder, tornando-se assim o próprio poder, a própria Burguesia.
O grande símbolo anti-monarquista da época era nada mais que um aristocrata, Napoleão Bonaparte. Quando se ouvia falar em revolução francesa, associava-se repentinamente as vertentes da revolução que eram baseadas em Jacobinos, Girondinos e os do centro. Os ideais do século XIX trazia consigo mais do que ranços de condutas políticas baseadas na forma de organização anterior. Dessa vez moldando no mundo os de esquerda e direita.
Kaul Marx não sonhava demais, só estava um pouco equivocado.
Pois ao longo do processo histórico desde Grécia e Roma antiga (Monarquista/Imperialista/Republicana), até o Renascimento e a primeira Revolução industrial, qualquer forma de organização que negava o poder atual era mais uma forma em querer autonomia e a própria transferência de poder para quem o negava.

A revolta dos trabalhos é importante? Sim, é. Numa sociedade capitalista universal exceto Cuba, o modo de produção atual é baseado numa economia de lucro e privatização e fere mais do que os direitos humanos devido às tamanhas insalubridades das fábricas, cargas horárias relativamente desrespeitosas e exploradoras, salário mínimos, e propriedade privada – tudo, baseado exclusivamente na realidade das classes.
Kaul Marx queria que todas as classes se convertessem a uma só, a operária. e que todo bem produzido fosse revertido ao estado. Sendo assim, esse distribuiria de forma comum os bens de modo igualitário para o próprio povo.
Isso tudo parece muito belo desde que não houvesse na arbitrariedade do estado a mescla da opressão e um regime totalmente baseado no pivô do modo de produção. Todos teriam que produzir, tudo seria revertido à tutela do estado. O partido.
Bakunin criticava Marx porque via de forma ampla que a realidade era totalmente outra.
Enxergava os grandes problemas da história, via que o poder qualquer ele qual fosse seria tacanho e não via solução no socialismo pois esse era nada mais que uma substituição de poder. Existia poder no socialismo, e Bakunin o renegava acima de tudo. O problema para Bakunin sempre foi o poder, e enxergava a sociedade de modo coletivista e não comunista.
A terra não teria dono, por tanto o estado desapareceria. A água não teria dono, portanto o estado seria desnecessário.
Kaul Marx conseguiu grandes adeptos ao socialismo desde a publicação de um dos seus mais importantes livros, O manifesto do Partido Comunista. Conseguiu inspirar acima de tudo pessoas como Stalin, Trotsky, Mao Tsé Tung e até mesmo Hitler que distorcia o socialismo de modo Nacionalista – criando assim o Nacional Socialismo, vulgo nazismo.
Porém o sonho de Marx parece que só conseguiu mobilizar guerras que foram mais do que fato, guerras capitalistas.
As Internacionais iniciadas pelos trabalhadores seria mais do que tudo uma ascensão participativa do povo e uma organização do povo voltada exclusivamente ao comunismo. O que seria, uma ideologia estendida sem fronteiras, universalmente sem nacionalismo.
Mas isso de fato não ocorreu quando a vertente de ideais liberais se chocavam com os ideais de Marx – esses que andavam absolutamente de mãos dadas no jogo econômico do capital. Exemplo acordos da Ex-União Soviética, China, e Cuba com países representantes do liberalismo.
Muitos países que se diziam Socialistas na Segunda Guerra Mundial – esta, fruto da Primeira Grande Guerra totalmente capitalista, eram países de câmbio nacionalistas que não ampliaram o Socialismo de Modo Universal – criando assim, um estado para uma nação, e uma nação para um estado. No embate de Nação e Estado os princípios de nacionalismo andavam mais do que junto com as idéias Marxistas.
E então que lado ficar? Ao lado dos operários Alemães ou dos operários Judeus?
O sionismo também foi grande influencia ao fascismo.
Numa época pós-revolução industrial as nações e suas fábricas precisavam acima de tudo de armas para atender a demanda da proteção dos seus próprios bens.
Foram essas “acumulações de riquezas” que despertou de modo convicto as desenfreadas guerras que aconteciam entre Ocidente e Oriente.
“Acumulações de riquezas”, o principio de Marx. “Necessidade de material bélico”, o nacionalismo estadista.

Quando o muro de Berlim veio à baixo, deparamos com uma Rússia agora não mais Socialista. Mas sim, com um partido o qual se ascendia como uma elite tacanha enquanto a Republica passava por uma grande crise na falta de alimentos devido as guerras que passava.
Depois de anos de crise, foi a tutela do estado (o partido) que conseguiu manter-se unicamente de forma estável rente às crises econômicas que geravam fome no país.
Ou seja, o povo passava fome e o partido não – os membros do partido agora, seriam a Elite da Rússia após 09/11/1989.
Alguma diferença com a Burguesia da Revolução Francesa? De fato não.
O problema que Kaul Marx não via era que a acumulação de riquezas destinadas à qualquer órgão social gerava mais do que conflitos, gerava desigualdade a partir do momento em que o estado passaria a ser (é óbvio) uma “classe” diferente a do povo.

Anos após queda do Muro de Berlim tudo o que vemos falar sobre Política no mundo, sempre – repetitivamente, cai em cima do jogo “capitalistas x socialistas”, parecendo não somente discussões tão chatas como assistir televisão, mas acumulando no processo histórico um atraso e abrindo um rombo no avanço da humanidade. Até esse mundo digital se comparta nitidamente de forma associada à guerra fria. “Eu to desse lado ou não tô.”
Só uma coisa que avançou mais que o homem e a política dos homens foram as ordens da globalização e junto à ela os problemas recordes da burocratização, do meio político de organização social a qual ela pertence.
Enquanto você pensa pra respirar alguém já tirou uma foto. Imaginem como é tornar publico um manifesto numa avenida paulista?
O estado continua andando junto com o imperialismo e dessa vez o povo demorará anos para perceber que “Liberdade de expressão” não depende de protestos pacíficos com cartazes e apitos. Essa liberdade de expressão a qual é relatada de forma globalizada mundo à fora é unicamente transversal à burocratização da pessoa normal/civil.
É por esses processos históricos, por essas características Marxistas, por essa democracia fragmentada, pela burocratização, por esse capitalismo imperialista opressor e big brother que eu escolho definitivamente acreditar que a única saída é a ação direta.

Ação direta num mundo sem documentos para que o estado venha abaixo como qualquer outra forma de hierarquia seja ela econômica diferenciada por classes sociais, agrárias de modo de produção, sustentação da mídia imperialista – que opõe-se a Liberdade desapareça sem causar magoas nas patifarias políticas mundiais.


POR UM MUNDO LIVRE.
SEM HINO, SEM PATRIA, SEM ESTADO, SEM CAPITAL.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Confissões de um sabotador econômico.

Um sabotador (ou assassino) econômico
Entrevista de John Perkins à revista Caros Amigos

Esta entrevista com o americano John Perkins, foi publicada na revista “Caros Amigos” (março de 2006). É extremamente oportuna e esclarecedora, no momento em que o governo Bush se arvora em arauto contra a corrupção – no Terceiro-Mundo – e o terrorismo internacional. Aqui se fala da grande corrupção e do terrorismo, dirigidos e impostos de fora, envolvendo dívida externa, privatizações, grandes projetos como este da transposição do Rio São Francisco, etc. Não menos importante é a referência de como se dá o aliciamento – suborno, segundo o entrevistado – de pessoas do alto escalão do governo.

Qual é a história dos sabotadores econômicos? Por que essa "carreira" foi criada?

Foi o trabalho dos sabotadores econômicos que criou o primeiro império verdadeiramente global – e sem ter que usar as forças militares. Os sabotadores econômicos nasceram em 1951, quando Kermit Roosevelt, neto de Theodore Roosevelt, foi enviado para o Irã para derrubar do poder o xá Mossadegh. O governo americano estava com medo de que, se mandasse os militares para o Irã, isso causaria uma guerra contra a Rússia, e a Rússia era uma potência nuclear. Então, a CIA fez uma experiência, enviando Kermit Roosevelt, e ele foi muito bem-sucedido, conseguiu derrubar o presidente eleito democraticamente, que estava se opondo às companhias petrolíferas americanas. Foi substituído pelo xá Mohammad Reza, que era um grande camarada das empresas de petróleo.


Como ele fez isso?

Ele contratou gente para organizar protestos e passeatas, boicotes, marchas pelas ruas, e assim fez o Mossadegh parecer impopular. Esse padrão se mostrou muito mais seguro e menos caro para obter o controle de outros países do que os meios militares. O problema é que o Roosevelt era um agente da CIA, e isso poderia ser um problema para os Estados Unidos. Em vez disso, a nova política era que esse tipo de trabalho seria contratado por empresas privadas. Quando eu entrei em cena, no final dos anos 60, o trabalho era feito somente por em¬presas privadas.


Mas como esse trabalho – uma missão estratégica – passou para a mão de empresas? Como as empresas se tornaram tão cúmplices do governo?

Nos Estados Unidos acontece o que chamamos de "porta giratória": quem está no comando das grandes corporações sempre recebe cargos no alto escalão do governo por alguns anos, e depois volta para o mundo corporativo. Agora, na administração Bush, todo mundo do alto escalão, incluindo o próprio Bush, a Condoleezza Rice, Dick Cheney, Donald Rumsfeld, veio dos grandes negócios: petróleo, laboratórios farmacêuticos etc. As grandes corporações e os governos trabalham muito proximamente, o que torna fácil o governo contratar empresas privadas para fazer o tipo de trabalho dos sabotadores econômicos.


Quando você começou na Main, havia muitas empresas fazendo esse trabalho?

Havia outras empresas fazendo isso, tenho certeza de que a Bechtel, a Halliburton, a Stone & Webster, Brown & Root, mas só posso falar seguramente sobre o que aconteceu comigo. Não tínhamos muito contato uns com os outros, era um esquema muito inteligente. E, quando jantava no Rio de Janeiro, em Jacarta ou Caracas, eu sabia que a pessoa com quem estava trabalhando era um sabotador econômico, mas na verdade o cargo oficial dele era, por exemplo, economista-chefe, como eu, ou consultor econômico, ou especialista financeiro.


Como você se tornou um sabotador econômico?

Quando fui convidado para trabalhar para a Chas. T. Main, e conheci Claudine. O cartão dela dizia que era consultora especial para a Main. Mas eu acho que ela era especializada em treinar sabotadores econômicos, e provavelmente contratada por uma outra empresa particular.


No livro, você conta que, durante seus encontros, que sempre aconteciam no apartamento dela, ela ia contando exatamente qual seria o trabalho para o qual você tinha sido contratado. Você pode explicar qual era a sua função?

Meu trabalho era, na essência, identificar países que têm recursos que as corporações americanas desejam – como petróleo – e então conseguir enormes empréstimos de instituições como o Banco Mundial para esses países. Mas a maior parte do dinheiro nunca ia para o país, e sim para as corporações americanas, que construíam enormes projetos de infra-estrutura para aquele país, como usinas de energia, estradas, portos, coisas que ajudavam os ricos daqueles países, mas geralmente não ajudavam a maioria da população. E os países acabavam com uma dívida enorme, tão grande a ponto de não poder ser paga. Então, em algum momento, um sabotador econômico voltava ao país e dizia: olha, vocês nos devem muito dinheiro, não podem pagar a dívida, então vendam petróleo muito barato para nossas empresas, ou votem conosco na ONU, ou enviem tropas para ajudar nossas guerras.


Mas você chegou a fazer isso?

Sim, fiz. Isso quase sempre era feito pelos altos escalões do Departamento de Estado americano, mas algumas vezes eu estava envolvido.


Como era garantido que esses países obteriam um empréstimo das instituições internacionais como o Banco Mundial? E como era garantido que as corporações americanas ganhariam os contratos?

Tínhamos que produzir relatórios, e assim convencer as pessoas de que esse dinheiro iria beneficiar a economia desses países. Então é por isso que tínhamos que falsificar previsões, fazer previsões bem mais altas do que elas deveriam ser na realidade, para mostrar que, se o dinheiro fosse investido em alguma grande represa, nos próximos vinte anos a eletricidade gerada, por exemplo, resultaria num grande crescimento econômico. Se boa parte do dinheiro viesse de organismos americanos, como Usaid, ou o Banco de Exportação e Importação, então por lei esse dinheiro tinha que ir para as corporações americanas. Se vinha do Banco Mundial ou do Banco Interamericano de Desenvolvimento, então outras empresas poderiam ganhar os contratos, mas sempre havia uma enorme pressão para que contratassem corporações americanas.


No livro, você fala muito em corporatocracia. O que é?

Gosto dessa palavra, porque ela explica como é o primeiro império realmente global. Não tem um imperador, ou um rei, mas um grupo muito pequeno de homens que controlam as grandes corporações multinacionais. Essas corporações têm o controle do governo americano e de muitos outros governos pelo mundo afora. Eles governam o sistema. Das cem maiores economias do mundo, 51 são corporações, não países; e 47 delas são americanas. E os Estados Unidos são como o capitão, ou o treinador do time. As mesmas pessoas estão nos altos escalões dos organismos multilaterais, pelo mesmo mecanismo de "porta giratória". Hoje, o presidente do Banco Mundial é Paul Wolfowitz, que tinha um alto posto no nosso Departamento de Estado, e também trabalhou em grandes instituições financeiras internacionais.


Para o leitor ter uma idéia mais real, gostaria que você explicasse como foi o seu primeiro trabalho como sabotador econômico, em Java, na Indonésia.

No começo dos anos 70, o governo americano percebeu que ia perder o Vietnã. E havia um medo do efeito dominó – se o Vietnã caísse, então o resto da Ásia também ia cair. A crença era de que a Indonésia era um bom lugar para frear o efeito dominó, porque tinha uma grande população, tinha mais muçulmanos que em qualquer país do mundo, e tinha petróleo. Então fui enviado para a Indonésia junto com um monte de pessoas que fizeram um grande empréstimo para a construção de um sistema de energia – usando nossas corporações para construir esse sistema. No processo, tínhamos que deixar a Indonésia com uma enorme dívida. E fomos muito bem-sucedidos. Por causa desse trabalho, a Indonésia caiu nas nossas garras. E não virou comunista. Nunca tivemos que mandar os militares.


Sim, mas como você conseguiu convencer os governantes da Indonésia?

Foi fácil convencer o governo porque pessoas que fazem parte do governo ficariam muito ricas, já que elas e suas famílias eram donas das grandes indústrias que iriam se beneficiar com a eletricidade. E a mesma coisa vale para todos os países em que trabalhei, é por isso que os líderes de todos esses países cooperam conosco. Quando construímos o projeto, muito trabalho vai para seus parentes. Eles são donos de pequenas empresas que vão ganhar subcontratos para construção.


Mas isso é combinado, falado?

Algumas vezes é tão óbvio porque apenas os parentes deles são donos das empresas. Mas algumas vezes isso é dito: "Se pegarmos esse contrato, a sua família vai ficar muito rica". Além disso, eles detêm as grandes indústrias, os shopping centers e os empreendimentos comerciais que vão se beneficiar com a eletricidade, os portos, as estradas, o que for. Claro que aqueles que moram em caixas de papelão ou nos pequenos povoados nunca vão receber eletricidade nenhuma.


E como eram as suas previsões de uso de energia?

Muito altas, nos relatórios eu previa um crescimento de 15 a 20 por cento por ano no uso de eletricidade, o que criaria também um crescimento enorme na economia.


Como você chegava a essas estimativas?

Eu sabia que esses eram os números que esperavam de mim, então desenvolvi modelos matemáticos, que chamamos de modelos econométricos para justificar essas estimativas. Você pode usar estatísticas para provar quase tudo, qualquer bom economista pode provar qualquer coisa através de estatística, se ele quiser. Então, em cada um desses países, produzimos relatórios muito extensos usando modelos matemáticos que justificavam aquilo que era determinado politicamente.


Então era uma fraude completa?

Normalmente era.


De que maneira a Main se beneficiava com isso?

Uma vez aprovados, a Main não construía os projetos, mas geria a construção. Isso nos colocava em uma posição muito boa, podíamos dizer que éramos imparciais, mas sabíamos que íamos ganhar mais e mais trabalhos semelhantes se apresentássemos as "previsões certas". Além disso, éramos aliados muito próximos das empresas que ganhavam os contratos, como Bechtel, Stone & Webster, a Brown & Root.


Qual foi a diferença do trabalho na Arábia Saudita?

A Arábia Saudita não precisava pegar empréstimos porque tinha muito petróleo, muito dinheiro entrando. O que tivemos que fazer foi convencer a Arábia Saudita a investir os petrodólares em títulos do governo americano, e então o Departamento do Tesouro americano usaria esse dinheiro para contratar empresas americanas que pudessem construir grandes indústrias, complexos petroquímicos, sistemas de energia elétrica, portos, estradas, toda a infra-estrutura na Arábia Saudita. E dissemos: se vocês toparem o acordo, e mantiverem o preço do petróleo acessível, faremos tudo para manter a família real no poder. Como fizemos com o Kuwait, onde havia um acordo semelhante... Quando o Saddam Hussein atacou o Kuwait, em 1990, enviamos as tropas para proteger a família real do Kuwait.


Isso foi dito assim, tão claramente?

Sim. Eu fui uma das pessoas que falaram isso. Claro que você tem que ser meio cuidadoso com as palavras que usa, caso alguém esteja gravando, mas basicamente era isso que dizíamos.


Mas quem te deu essas ordens?

Nesse caso, o Departamento do Tesouro enviou pessoas para falar conosco. Eu costumava enviar documentos em envelopes de comunicação interna no escritório, e não tinha certeza de quem os estava recebendo ou para onde estavam indo.


Na Arábia Saudita não era apenas sobre poder ou dinheiro, mas a proposta era mesmo ocidentalizar para que o país fosse um modelo para o Oriente Médio...

A interferência foi muito profunda, deixou árabes e muçulmanos do mundo todo muito bravos porque os lugares mais sagrados do Islã, Medina e Meca, estão agora cercados por cidades ocidentalizadas, complexos petroquímicos, McDonald's... E eu acho que podemos ver isso acontecendo em muitos países. Sempre que há um império em extensão, isso acontece. Quando os portugueses foram para o Brasil para explorar os recursos do Brasil, a cultura portuguesa se tornou dominante no Brasil, e as culturas nativas chegaram a quase desaparecer.


O próximo passo, uma vez endividados os países, seriam medidas que são impostas pelo Banco Mundial e pelo FMI para "sanear" as economias. E um passo principal seria a privatização dos recursos. Na sua época já se falava nisso?

Estávamos nos primeiros estágios. Naquela época, as empresas de petróleo estavam insistindo que todas as empresas de petróleo desses países deveriam ser privatizadas. Então, esse processo havia começado, mas hoje está muito maior.


Os sabotadores econômicos ainda existem?

Claro que sim. Acho que há muito mais hoje. Tem o mesmo tipo de sabotador que eu era, chamamos de "genéricos" porque não trabalhávamos para que uma empresa específica pegasse os contratos, mas apenas que as empresas americanas fizessem o trabalho. Mas hoje há sabotadores que trabalham diretamente para certas companhias, como a General Electric, ou a Monsanto, ou a Nike, Halliburton, Bechtel.


Mas isso não seria um lobby?

É mais que um lobby, porque essas pessoas também trabalham em parceria com bancos e conseguem empréstimos para construir grandes fábricas, empreendimentos. Essas empresas se tornam muito próximas de autoridades do governo, elas conseguem vagas nas universidades americanas para os filhos deles, ou contratam os jovens como estagiários, pagando muito dinheiro. Ou então contratam pessoas do alto escalão dos governos de outros países por alguns anos, e depois essas pessoas voltam a trabalhar para o governo. Isso é na verdade uma forma de suborno.


No seu livro, você descreve que havia uma seqüência na intervenção externa americana. Primeiro, eram enviados os sabotadores econômicos; se eles falhassem, então era a vez de os "chacais" entrarem em ação, para derrubarem o governo ou até assassinar presidentes. Ainda funciona assim?

Ainda é assim. Os chacais foram enviados à Venezuela em 2002 para organizar o golpe de Estado contra Hugo Chávez. Eu conheço os sabotadores que fizeram isso. E conheço o sabotador que conseguiu convencer o presidente Gutiérrez, do Equador. Durante a campanha, Gutiérrez prometeu taxar mais as empresas de petróleo, ou nacionalizá-las, e ele venceu, mas aí esse sabotador econômico foi falar com ele, Gutiérrez voou para Washington e encontrou o presidente Bush, e quando voltou ele só praticou políticas a favor das empresas petrolíferas. O Hugo Chávez fala abertamente disso, ele soube do meu livro e disse que foi exatamente o que aconteceu com ele: os sabotadores foram visitá-lo.


Você perguntou ao sabotador que tratou com Gutiérrez como ele fez isso?

Não especificamente. Mas eu sei como funciona. Você vai até o gabinete do presidente e o relembra do que aconteceu com Allende, e Jaime Roldós, e Torrijos, e Noriega. Todos esses eram presidentes que se opuseram à corporatocracia e foram derrubados ou assassinados. E diz que a opção é fazermos grandes contratos no seu país, podemos implantar usinas de energia, sistemas de água, e que ele e sua família vão ganhar muito dinheiro quando fizermos isso. Foi o que eu fiz com Omar Torrijos no Panamá. Ele não topou, e foi por isso que ele morreu. E tudo está se repetindo agora, está acontecendo com Evo Morales, na Bolívia, tenho certeza.


Quem são os chacais?

A maioria deles é empregada de empresas privadas, trabalha para empresas como a Global Management Solution e outras empresas de segurança. Muitos deles foram treinados por forças especiais nos Estados Unidos, na Inglaterra ou na África do Sul, mas geralmente quando eles se tornam chacais vão trabalhar para corporações privadas. Eu conheço alguns chacais, sei como funciona. Para os chacais entrarem em ação, hoje em dia, nem precisa de uma decisão centralizada, as coisas funcionam de maneira muito indireta. Porque os chacais, quando são enviados a campo, sabem o que devem fazer. Assim como quando me tornei um sabotador econômico, quando fui enviado para encontrar Omar Torrijos, ou fui para a Indonésia, ou qualquer outro país, não precisava que alguém me ligasse e falasse: "Olha, você precisa trazer Torrijos para o nosso lado". Eu sabia que, se fosse enviado para o Panamá, esse seria o meu trabalho.


Agora, a conjuntura na América Latina mudou bastante, na América do Sul temos muitos presidentes de esquerda... Onde estão os sabotadores econômicos?

Acredito que todos esses presidentes foram visitados pelos sabotadores econômicos. A pergunta é: onde estão os chacais?


Você não está com medo, depois que seu livro foi publicado? Não recebeu nenhuma ameaça?

Decidi escrever esse livro por causa dos atentados de 11 de setembro, e dessa vez não contei a ninguém. Uma vez publicado o livro, essa é a melhor proteção que eu tenho. Eles sabem que, se alguma coisa acontecer comigo, o livro vai vender milhões de cópias, e é a última coisa que eles querem.


O livro vendeu muito bem, certo?

Sim, a versão em papel-jornal está há cinco semanas, desde que foi lançada, na lista de mais vendidos do New York Times. Semana que vem (a última de fevereiro), ela vai para o quinto lugar na lista. E o livro já foi publicado em vinte línguas até agora.


Como foi a repercussão nos Estados Unidos?

É interessante, porque a imprensa grande não fala sobre o livro. O livro está na lista de mais vendidos do New York Times, mas eles nunca mencionaram isso, nunca fizeram resenha do livro, nunca falaram dele. A mesma coisa com o Los Angeles Times, todos os grandes jornais. Fui convidado para dar uma entrevista na NBC, um grande canal de televisão, e voei da Califórnia para Nova York para participar do programa. Eles ficaram de me mandar uma limusine para me levar ao estúdio e, enquanto eu estava esperando a limusine, eles ligaram e cancelaram. Sem nenhuma explicação.


Seu livro tem um tom bastante confessional, e fala diretamente ao coração dos americanos, porque fala muito dos ideais dos fundadores dos Estados Unidos. O que ele provocou nas pessoas?

Primeiro, eu queria dizer uma coisa: me considero um cidadão americano muito leal. Meus ancestrais lutaram em todas as guerras neste país, e eu acredito muito fortemente nos princípios que este país defende. Acho os ideais que estão na nossa declaração de independência muito bonitos. Todo mundo no mundo todo tem direito à liberdade, à vida, e a buscar a felicidade, o que não quer dizer que eles querem o mesmo sistema que temos. Uma das razões de eu ter escrito o livro é porque acredito que, se os americanos realmente souberem o que está acontecendo, eles vão exigir mudanças. Agora, com meu livro, outros sabotadores econômicos estão aparecendo, saindo do "gelo", como diz a CIA. Vamos publicar um outro livro com muitas histórias diferentes, cada uma escrita por um sabotador. E eles toparam assinar seus nomes.


Há mais alguma coisa que o senhor gostaria de dizer aos leitores brasileiros?

Acho que vale a pena para os brasileiros pensar um pouco sobre a minha história. Tenho certeza de que Lula tem sofrido muitas pressões dos sabotadores econômicos e talvez dos chacais. Não sei se ele cedeu, mas acho que os brasileiros deveriam dar uma olhada nessa história. Pensem nisso.

ABREM-SE OS OLHOS, FECHAM-SE OS PUNHOS!!!

sábado, 8 de dezembro de 2007

A tática dos blacks blocks(parte2)

A tática dos blocks (parte 1)http://la-rage.blogspot.com/2007/09/ttica-dos-black-block.html

Construindo o poder de enfrentamento revolucionário - A cultura dos autônomos
Apesar do potencial revolucionário do Autonomia Italiana de 70 ter sucumbido, sua agitação, confiança e “atrevimento” serviram de inspiração para os jovens da Alemanha Ocidental de 1980. Inspirados também pelo movimento squatter de Amsterdam e as organizações jovens na Suíça, Alemanha e outras cidades maiores, começaram a formar a sua própria cultura autônoma com grupos sociais baseados na resistência radical e formas de vida alternativas. A direção e a composição da organização radical na Alemanha Ocidental de 1980 era em parte determinado pelo domínio da recessão econômica e os caminho que ela seguiu. Por causa das conexões bem-estabelecidas entre os industriais e o governo alemão, os efeitos da recessão não foram tão sentidos pelos blue collar workers, mas pelos jovens que acharam impossível assegurar trabalho e moradia, e, que antes haviam se mudado da casa dos pais e se tornaram economicamente e socialmente “independentes”.
Conseqüentemente, os motivos para a mobilização da juventude autônoma incluíram abalar o conformismo da sociedade rural alemã e da família nuclear, sérias deficiências domésticas, alto desemprego – bem como o status ilegal de aborto e planos governamentais para a expansão massiva do poder nuclear. Como resultado da recessão econômica e visitas aos subúrbios, no fim de 1970, enormes regiões prediais residenciais, em diferentes cidades interioranas alemãs, especialmente na Alemanha Ocidental, foram abandonadas pelos empreendedores e as agências do governo. Ocupar esses prédios era uma opção viável para os jovens empobrecidos que procuravam independência da casa da família nuclear. Comunidades squatters cresceram na vizinhança de Kreusberg, em Berlim; os squats de Haffenstrasse, em Hamburgo; e em outros pontos de concentração. A pedra angular dessas comunidades era a vida em comum, e a criação de centros sociais radicais: infoshops, livrarias, cafeterias, lugares de encontro, bares, galerias de arte, e outros espaços multivalentes, onde as raízes políticas artísticas e culturais são desenvolvidas como uma alternativa para a vida da família nuclear, utopias de TV, e “cultura” pop de massa. Desses espaços sociais seguros, cresceram maiores iniciativas radicais para lutar contra o poder nuclear, ou centralizador; destruir a sociedade patriarcal e os papéis de gênero; mostrar solidariedade com os oprimidos do mundo atacando corporações multinacionais européias ou instituições financeiras como o Banco Mundial; e depois da reunificação alemã, lutar contra o crescente neonazismo.
Iniciativas semelhantes para uma vida alternativa como resistência estavam acontecendo nos anos 80 (e em alguns lugares, bem antes) na Holanda, Dinamarca, e qualquer lugar da Europa Setentrional. Eventualmente, todas essas vivências norte-européias em grupos sociais descentralizados, os quais estavam dedicados a criar uma sociedade não-coercitiva e anti-hierárquica, tornaram-se rotulados como “autônomas”. Com o tempo, as idéias e táticas autonomistas também migraram através da reunida Cortina de Ferro européia. Eu, pessoalmente, tenho visitado centros sociais autônomos radicais na Inglaterra, Espanha, Itália, Croácia, Eslovênia e República Tcheca.